Frankie and Johnny um doce anti conto de fadas

Era um daqueles estranhos sábados que eu passava  naquela cidade estranha , onde uma solidão não menos estranha me empurrava para o cinema. Estar só era sinônimo de refinamento intelectual, coisa de adolescente bobo e suas fantasias.

A sessão das 18:20 trazia uma certa magia da chegada da noite e do aconchego da sala escura. O cinema ainda não habitava os shoppings, e as pessoas se esmeravam na elegância para o programa de fim de semana.

Frankie and Johnny foi uma escolha sem dificuldades, o subtítulo do cartaz utilizado pelos distribuidores locais foi de cara o mais original que já vi até hoje : FRANKIE AND JOHNNIE. Ele não é nenhum príncipe encantado. Ela não é nenhuma rainha. Mas quem disse que a vida é um conto de fadas ?

Um filme que fala sobre solidão , o medo de ser feliz, o amor e todos os seus riscos de forma bem humorada.

Em Nova York, Frankie é uma bela mulher de trinta e poucos anos desiludida com o amor. No passado, teve um relacionamento com um homem violento que lhe valeu a perda de um bebê por ela esperado e a impossibilidade de voltar a engravidar. Durante o dia, trabalha como garçonete de uma lanchonete e, à noite, pouco sai.

Johnny é um homem divorciado que acaba de sair da prisão, onde cumpriu pena de 18 meses por ter assinado indevidamente um cheque de outra pessoa. Ao procurar emprego na lanchonete onde Frankie trabalha, é imediatamente admitido por Nick, o proprietário, no cargo de cozinheiro. Logo em seu primeiro dia de trabalho, ele se mostra interessado em Frankie, não sendo, no entanto, por ela correspondido.

No universo daquela lanchonete vamos conhecendo pessoas que de uma certa forma sabem lidar muito bem com a solidão , não sendo a toa que a frase que sintetiza o filme sai da boca do próprio Frankie quando cansado das recusas de Johnny pergunta "O que fazer das noites dos sábados , se para os solitários sãos as noites mais longas da semana".

Hoje passado já alguns anos ao rever o filme uma espécie de riso critico se faz presente meio que de forma inoportuna , como se o velho de hoje risse do Peter pan de ontem. Os sonhos também se esmaecem . Se bem que algumas cenas como a do primeiro beijo, ainda me tocam de forma brutal , as rosas que complementam a cena possuem um significado que transcendem qualquer tradução até hoje.

O filme foi responsável por apresentar em minha vida a Obra de Claude Debussy, mais particularmente a musica Claire de Lune. Na cena final que traduz a essência da peça adaptada ao cinema pelo mesmo autor Terrence McNally, impossível não conter as lágrimas, o que mostra que nem tudo se perdeu pelo tempo.

Depois de algum tempo descobri que era  o Natham Lane que faz  o papel do amigo homossexual da Michele Pfeifer, isto por que quando vi a versão americana da Gaiola das Loucas, uma sensação de De Já Vu me ocorreu sem que soubesse exatamente por que.


Produzido e dirigido pelo cineasta Garry Marshall o mesmo diretor de uma Linda Mulher, o elenco do filme contribui para que uma positiva química contribua para uma certa cumplicidade com o expectador. . Michelle Pfeiffer e Al Pacino mostram-se convincentes em seus respectivos papéis, no que são ajudados por um grupo de coadjuvantes de primeira linha.

Uma boa opção para quem carrega mesmo que quase hibernando a fagulha acesa do romantismo. Pois se não somos príncipes encantados , ou ainda não achamos nossas princesas, tudo bem, afinal quem foi que disse que a vida é um conto de fadas!!!!


Título original: Frankie & Johnny


Diretor: Garry Marshall

Elenco: Al Pacino, Michelle Pfeiffer, Hector Elizondo, Nathan Lane, Kate Nelligan, Jane Morris, Greg Lewis, Al Fan

Gênero: Romance

Duração: 118 min

Ano: 1991

Cor: Colorido

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