O Visitante : Um filme e seu compasso.


Imperdoável, como alguém com algum tempo de banco de cinema passe em brancas nuvens em algum trabalho do ator Richard Jenkins . Estava lá ele no filme Terra Fria , e eu nem tchuns . Mas na vera mesmo , foi muito bom conhecê-lo num trabalho que para mim será um grande cartão de visitas para conhecermos a força de um ator como Jenkins, o filme O Visitante (The Visitor, EUA, 2007).


Estar diante de uma obra como O Visitante, requer do expectador uma experiência incomum para filmes geralmente produzido pelo industria americana, é preciso se anular na busca de fortes emoções logo nos dez primeiros minutos da obra. Se faz necessário tal qual uma tela branca que nos deixemos preencher pela a força da historia algo que paulatinamente e fatalmente vai acontencendo sem que nos dermos conta.

O Visitante nos apresenta a historia do professor Walter Vale (Richard Jenkins), uma cara apático para o mundo desde que perdeu a sua esposa. Walter é um cara que simplesmente não está lá em nada que faça, vive na base do piloto automático, apenas deixando a vida passar. Obrigado pela faculdade onde trabalha em Connecticut a viajar para Nova York para participar de uma conferência sobre países em desenvolvimento, Walter chegando na Big Apple se depara com a invasão do seu apartamento por um casal de estrangeiros ilegais nos EUA, o músico sírio Tarek (Haaz Sleiman) e a artesã Zainab (Danai Jekesai Gurira).


A indiferença de Walter para o mundo é tanta que o mesmo se quer faz questão na expulsão dos novos moradores do seu apartamento . O choque de cultura explorado cômica romântica ou tragicamente em muitos filmes com temáticas similares em o Visitante ganha a força da complementação daquilo que faltava na vida do professor Vale em forma de ritmo literalmente.


Tarek é percussionista e aos poucos acaba levando Vale para um universo tão diferente do apático mundo acadêmico em que vive.


O diretor Thomas McCarthy que também assina o roteiro, nos apresenta uma Nova York sem glamour , crua por que não assim dizer com a latência de um pós 11 de setembro representado em figuras apáticas de estéticas monocromáticas, os únicos não vitimados por essa apatia crônica no filmes são exatamente o casa de estrangeiros. Basta prestarmos atenção na cena em que Tarek leva Walter para ver o Circulo do Tambor’, onde percussionistas se reúnem no Central Park para executar um verdadeiro exemplo de integração e musicalidade.

A problemática do estrangeiro em particular os mulçumanos nos Estados Unidos , e abordada no filmes quando Tarek é preso na estação do metrô e levado para imigração. Mas não se sabe se intencionalmente ou não, a questão passa a segundo plano quando surge em cena a mãe de Tarek vivida pela atriz o-israelense Hiam Abbass, que tal como Jenkins nos apresenta uma interpretação soberbamente sóbria e que aos poucos vai se desnudando para o expectador.

O minimalismo presente na Direção de McCarthy, associado a um roteiro não menos detalhista faz com que o Visitante vá se construindo de forma imperceptível junto ao expectador. Longe da obviedade e dos clichês conseguimos enxergar no professor Walter, aquela pessoa comum a qual nos identificamos exatamente por estar despojado de qualidades somente restritas a filmes glamourosos. O personagem de Jenkins talvez seja um dos mais humanizados da historia do cinema, o qual gostaríamos de tê-lo como amigo na vida real.

O Visitante funciona por não ser um filme com espetacularidades, mas sim por nos falar a alma através da poesia presente em vidas tão comuns. Uma obra necessária para aqueles dias em que estamos um pouco mais reflexivos e que nos injeta uma certa esperança sem necessariamente ser uma mensagem falsa. Um filme que mostra o quanto podemos mudar o mundo , mas o quanto somente as pessoas tem o poder de mudar umas as outras.Vale a pena conferir.

PS :Jenkis concorreu ao Oscar de melhor ator pelo seu personagem



O Visitante

The Visitor, EUA, 2007)

Drama

Direção: Thomas McCarthy



Elenco: Richard Jenkins, Haaz Sleiman, Danai Jekesai Gurira, Hiam Abbass, Marian Seldes, Laith Nakli



Roteiro: Thomas McCarthy



Duração: 104 min.

Frankie and Johnny um doce anti conto de fadas

Era um daqueles estranhos sábados que eu passava  naquela cidade estranha , onde uma solidão não menos estranha me empurrava para o cinema. Estar só era sinônimo de refinamento intelectual, coisa de adolescente bobo e suas fantasias.

A sessão das 18:20 trazia uma certa magia da chegada da noite e do aconchego da sala escura. O cinema ainda não habitava os shoppings, e as pessoas se esmeravam na elegância para o programa de fim de semana.

Frankie and Johnny foi uma escolha sem dificuldades, o subtítulo do cartaz utilizado pelos distribuidores locais foi de cara o mais original que já vi até hoje : FRANKIE AND JOHNNIE. Ele não é nenhum príncipe encantado. Ela não é nenhuma rainha. Mas quem disse que a vida é um conto de fadas ?

Um filme que fala sobre solidão , o medo de ser feliz, o amor e todos os seus riscos de forma bem humorada.

Em Nova York, Frankie é uma bela mulher de trinta e poucos anos desiludida com o amor. No passado, teve um relacionamento com um homem violento que lhe valeu a perda de um bebê por ela esperado e a impossibilidade de voltar a engravidar. Durante o dia, trabalha como garçonete de uma lanchonete e, à noite, pouco sai.

Johnny é um homem divorciado que acaba de sair da prisão, onde cumpriu pena de 18 meses por ter assinado indevidamente um cheque de outra pessoa. Ao procurar emprego na lanchonete onde Frankie trabalha, é imediatamente admitido por Nick, o proprietário, no cargo de cozinheiro. Logo em seu primeiro dia de trabalho, ele se mostra interessado em Frankie, não sendo, no entanto, por ela correspondido.

No universo daquela lanchonete vamos conhecendo pessoas que de uma certa forma sabem lidar muito bem com a solidão , não sendo a toa que a frase que sintetiza o filme sai da boca do próprio Frankie quando cansado das recusas de Johnny pergunta "O que fazer das noites dos sábados , se para os solitários sãos as noites mais longas da semana".

Hoje passado já alguns anos ao rever o filme uma espécie de riso critico se faz presente meio que de forma inoportuna , como se o velho de hoje risse do Peter pan de ontem. Os sonhos também se esmaecem . Se bem que algumas cenas como a do primeiro beijo, ainda me tocam de forma brutal , as rosas que complementam a cena possuem um significado que transcendem qualquer tradução até hoje.

O filme foi responsável por apresentar em minha vida a Obra de Claude Debussy, mais particularmente a musica Claire de Lune. Na cena final que traduz a essência da peça adaptada ao cinema pelo mesmo autor Terrence McNally, impossível não conter as lágrimas, o que mostra que nem tudo se perdeu pelo tempo.

Depois de algum tempo descobri que era  o Natham Lane que faz  o papel do amigo homossexual da Michele Pfeifer, isto por que quando vi a versão americana da Gaiola das Loucas, uma sensação de De Já Vu me ocorreu sem que soubesse exatamente por que.


Produzido e dirigido pelo cineasta Garry Marshall o mesmo diretor de uma Linda Mulher, o elenco do filme contribui para que uma positiva química contribua para uma certa cumplicidade com o expectador. . Michelle Pfeiffer e Al Pacino mostram-se convincentes em seus respectivos papéis, no que são ajudados por um grupo de coadjuvantes de primeira linha.

Uma boa opção para quem carrega mesmo que quase hibernando a fagulha acesa do romantismo. Pois se não somos príncipes encantados , ou ainda não achamos nossas princesas, tudo bem, afinal quem foi que disse que a vida é um conto de fadas!!!!


Título original: Frankie & Johnny


Diretor: Garry Marshall

Elenco: Al Pacino, Michelle Pfeiffer, Hector Elizondo, Nathan Lane, Kate Nelligan, Jane Morris, Greg Lewis, Al Fan

Gênero: Romance

Duração: 118 min

Ano: 1991

Cor: Colorido